quarta-feira, 17 de abril de 2013

A UM AUSENTE - Maria Lúcia Inocêncio Camargo


A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

AMOR EM PAZ - Maria Lúcia Inocêncio Camargo


Amor em paz

Eu amei
Eu amei, ai de mim, muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar

Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você a razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Porque o amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz
Vinícius de Moraes

A CARTA - Maria Lúcia Inocêncio Camargo

A CARTA
Maria Lúcia Inocêncio Camargo

Acordei com o sol batendo na minha janela.
Me espreguicei,fiz um horinha e pulei da cama.
Peguei papel,caneta e escrevi.
Coloquei toda a minha'alma naquelas linhas...
Contei meus desejos,meus devaneios,meus sonhos...
Confessei meus amores,minhas loucuras...
Depois de escrita,não enviei.
Não sabia para quem...

domingo, 14 de abril de 2013

QUEM DE MIM... - Barão da Mata

QUEM DE MIM...?

Se eu fosse teu amante mais fogoso,
Namorado mais intenso, afetuoso,
O teu homem mais viril, impetuoso,
Teu mulato espadaúdo, musculoso,
Teu herói destemido, valoroso...?

Se eu fosse teu poeta vagabundo,
Teu cantor de sentimento mais profundo,
Teu guerreiro tão audaz, tão iracundo,
Teu guru a te ensinar coisas do mundo,
Teu mentor de terras longes oriundo...?

Se eu fosse um milagroso feiticeiro,
O teu caso mais bonito e mais faceiro,
Mulherengo atrevido e aventureiro,
Teu galante e delicado seresteiro,
Teu entregue apaixonado violeiro...?

Quem de todos enfim preferirias,
Quem de mim, mulher, escolherias,
Para seres minha e só minha tão somente,
Pra me amares então dementemente?

Barão da Mata

domingo, 7 de abril de 2013

A ESTRELA CANTA - Barão da Mata

A ESTRELA CANTA

A estrela canta,
e a sua voz suave de pluma se expande pelos quatro cantos do teatro,
e atravessa as paredes para ganhar o Universo.
Fascínio, hipnose, alumbramento...
A voz da estrela me leva consigo pr'um mundo encantado
de puro lirismo.
Eu, embriagado de sua voz...
sua voz...
sua voz, que emana fachos de luz coloridos
que iluminam docemente a alma de todos.

Meu olhar embevecido contempla todo o tempo aquela diva,
e minh'alma se vê escravizada pelo seu cantar.
Eu, escravo, absorto, mais pareço um menino
arrebatado pela primeira paixão.

Barão da Mata

quinta-feira, 4 de abril de 2013

ASSASSINATO - Elza Fraga


ASSASSINATO

Esvaziou o peito

do ar que o amor
guardara
por um bom tempo,

sufocou
até perder
a inspira-ação,

matou
por asfixia
o sentimento,

até já,
volto logo,
nem foi dito...

Nunca mais foi visto.

[elza fraga]

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