sexta-feira, 13 de julho de 2018

Elza Fraga -Estou me esgotando,...

Estou me esgotando, me desfiando, me desmanchando. Olho no espelho e vejo a sombra não a figura. Fujo do espelho e me tranco no medo. Sei que não é fácil a transição. Penso que talvez doa me desfazer de mim. Sei que é assim com tudo que existe. Um dia se é plenitude, no outro se é triste.
Um dia se respira e se pensa gente, no outro se enxerga a verdade. Não somos realidade. Somos o sonho que Deus sonhou num tempo em que nada havia. E Ele nos pensou como pequenos focos de luz sobre uma terra santa, sob um céu eternamente azul. Fugimos do modelo e mudamos o plano. Pagamos a ousadia com a mortalidade, a dor e o desespero, e todos aprenderam a calar seu medo enterrando no peito em segredo a maldade.
E a mesma rebeldia que nos fez humanos, nos implodiu e nos tornou insanos.
Agora imploramos piedade, mas é muito tarde!
elza fraga
Tentando entender em que pedaço da evolução nos transformamos em monstros.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Repetência-Elza Fraga

REPETÊNCIA
Quando lhe perguntaram se seria igual ao último janeiro apenas sorriu. Não um sorriso de tédio, descrença, enfado ou mesmo resposta. Apenas o sorriso de dever cumprido.
Fazia tanto tempo que era assim seus janeiros que nem se lembrava mais como era antes dele aparecer e estacionar na sua alma inquieta.
E, desde que ele ali fizera pouso, estranhamente houve a mudança, nada mais era barulhento, ou apressado, ou brusco. Tudo era calma, sem passividade, mas mesmo assi...m era ainda uma espécie boa de calma.
Ela agora era só mais um lago tranquilo que não queria outro oceano que não fossem os braços dele a delimitar suas margens.
E quando se aproximava janeiro ela sabia que estava chegando a hora, e o coração acelerava nos preparativos, todo o seu corpo se fazia cor e expectativa, haveria de mais uma vez dar certo... Sempre dera!
Ele tinha feito a promessa de ficar ali, mas ela no fundo sabia que era só um descuido, uma cochilada, e ele arribaria, iria procurar um verão em outras terras, um regaço mais quente longe do seu peito.
Ela era outono, tinha convicção disso como tinha convicção de que era preciso fingir ou mudar. Ninguém muda estação, sobrou então o fingimento. Virou atriz e decorou o seu papel.
Ele teria que acreditar que ela era seu verão eterno, mesmo sendo ela outono, e logo logo inverno.
E soube, assim que janeiro acabou e fevereiro a surpreendeu sorrindo, que novamente dera conta da missão, mais uma vez se vestira de sol, se fizera luz, desempenhara seu papel a perfeição.
E renovara por mais um ano seu contrato com ele e com a vida. Ganhara mais um ano pra ser desfrutado. Vencera o calendário novamente!
E seria assim até o final de suas jornadas, todos os janeiros era o tempo da reconquista.
Só tinha um medo, e se perguntava baixinho quantos janeiros ainda desfrutaria...

[elza fraga]
#ApenasConto
Repetindo conto de um ano atrás.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Poesia de Barão da Mata.

AQUELA MOÇA
O que foi feito daquela morena
Que era bela como um poema,
Que tinha os olhos negros e meigos,
Que cantava como uma fada,
Que se dava como uma ninfa,
Que tecia emoções imensas
No meu peito de cantador?
Que foi feito daquela menina
Que me dava momentos belos,
Que sonhava um tempo de encantos,
Que erguia estâncias de sonhos
Que ornava de poesia?
Que amava as matas e ventos
Venerava a Mãe-Natureza?
O que foi feito daquela moça
Que andava nua nos campos,
Que tinha uma voz de arcanjo,
Que tinha uma pele de índia,
Que tinha avidez no abraço,Image result for imagem free de uma morena
Que tinha a aurora no verbo,
Que era um poema de amor?

sábado, 18 de novembro de 2017

O curso - Maria Lúcia Inocêncio Camargo

Aos dezessete anos ela já namorava.
O rapaz era seu primeiro namorado e ela era a primeira namorada dele. 
Sua mãe adorava o rapaz.
Seu pai era muito autoritário e sua mãe muito submissa.
O namorado não queria que ela estudasse ou trabalhasse.
O pai achava que mulher devia ficar em casa cuidando dos filhos,da casa e do marido. 
Ela não queria a  sua vida igual á da sua mãe.
Então sua mãe inventou que ela deveria estudar corte e costura.
Ela foi e estava gostando quando sua mãe perguntou ao seu namorado se ele tinha ficado chateado dela colocar sua filha na aula de corte e costura.
Ele respondeu que não, que ele até agradecia pois assim ela poderia trabalhar em casa para ajudá-lo nas despesas.
A aula acabou e o namoro também.Image result for imagem de costureira

O Teste - Maria Lúcia Inocêncio Camargo.







Tinha dezessete anos e cursava o colegial.Ela tinha  aulas de rudimentos de psicologia e a professora ofereceu aos alunos a oportunidade de participar de uma sessão para descobrir qual a carreira que deveriam seguir e se dar bem.
Todos os alunos receberam o resultado do teste e poderiam seguir uma carreira.
Uma das alunas porem poderia se dar bem em várias profissões.
Ela ficou estasiada.Que maravilha!Poderia ser o que quisesse .
Ao final da aula a professora a chamou e disse que o normal era o teste dar apenas uma direção e que ela deveria prestar atenção nesse fato para não se perder e não conseguir escolher o que seguir.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Reminiscências...Maria Lúcia Inocêncio Camargo

Reminiscências

Hoje acordei com saudades de não sei o quê
Uma dor muito forte no meu ser
Saudades de você?
Nem sei a qual você me refiro.
Será de meu primeiro amor?
Talvez seja.
Porém, qual é o primeiro?
Aquele que ficou na memória?
Aquele que me beijou primeiro?
Aquele que me abraçou com carinho?
Aquele que me deflorou e se espantou?
Não sei!

domingo, 28 de maio de 2017

Lindaura,a filha da terra.- Barão da Mata

LINDAURA, A FILHA DA TERRA
Lindaura era filha da terrra,
Ou mais, era bicho da terra,
Era coisa da terra, assim como arara,
Assim como as lendas, assim como as onças,
Assim como as antas, jacus, gaviões.
Lindaura, mulher de família,
Colhia castanhas, mãos dadas co'a mata,
Criava seus filhos, amava o marido,
Amava esta vida, na paz mais completa.
Lindaura, porém, jamais esperara,
Que um monte de bestas, com foices e serras,
Com armas em punho e seus olhos de monstro,
Fizesse da mata um paiol de madeira.
Matassem as onças, jacus, gaviões,
Matassem seu homem, roubassem-lhe a terra,
A paz, a alegria, projetos e sonhos.
Lindaura, sem terra e sustento,
Desceu lá do norte, fincou pé no Rio,
Depois das agruras e mil provações
Vividas em tantas cidades distintas,
Depois de ser tudo o que nunca pensara:
Meretriz e mendiga, faxineira também.
Lindaura, hoje em dia, tão longe da terra,
Do lixo das ruas que ganha seu pão.
Tem dores no corpo, saudades doídas,
Dois filhos no crime, um morto de dengue.
Menor de cinquenta, parece tão velha,
Desejos, se tem, são todos de morte,
Se tem esperança, é o rumo do tempo,
Que um dia a irá suprimir deste mundo.

sábado, 25 de março de 2017

NOITE SÚBITA


Era a tarde bonita e colorida,
E vertia alegria pelas ruas,
E era toda enfeitada de esperança.
Eu andava, assim tão leve qual planasse,
Derramava meu deleite em cada esquina,
Com minha’alma extasiada pela vida.
Por que foi que então Sônia Cristina,
Sua fala altiva, dura e fria
Fez que a noite chegasse de repente
E se enchesse de trevas , labirintos,
E eu voltasse, assim pesado como o mundo,
Gotejando minha dor pelas sarjetas,
Coração tão saturado da existência?

Só tu -Fernando Pessoa

Só Tu - Fernando Pessoa

De todas as que me beijaram,
De todas as que me abraçaram,
já não me lembro, nem sei...
Foram tantas as que me amaram,
Foram tantas as que eu amei.
Mas tu, que rude contraste,
Tu que jamais me abraçaste,
Tu que jamais me beijaste,
Só tu nesta alma ficaste,
De todas as que eu amei...
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Uma mulher apaixonada pela vida!

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