quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Poesia de Barão da Mata.

AQUELA MOÇA
O que foi feito daquela morena
Que era bela como um poema,
Que tinha os olhos negros e meigos,
Que cantava como uma fada,
Que se dava como uma ninfa,
Que tecia emoções imensas
No meu peito de cantador?
Que foi feito daquela menina
Que me dava momentos belos,
Que sonhava um tempo de encantos,
Que erguia estâncias de sonhos
Que ornava de poesia?
Que amava as matas e ventos
Venerava a Mãe-Natureza?
O que foi feito daquela moça
Que andava nua nos campos,
Que tinha uma voz de arcanjo,
Que tinha uma pele de índia,
Que tinha avidez no abraço,Image result for imagem free de uma morena
Que tinha a aurora no verbo,
Que era um poema de amor?

sábado, 18 de novembro de 2017

O curso - Maria Lúcia Inocêncio Camargo

Aos dezessete anos ela já namorava.
O rapaz era seu primeiro namorado e ela era a primeira namorada dele. 
Sua mãe adorava o rapaz.
Seu pai era muito autoritário e sua mãe muito submissa.
O namorado não queria que ela estudasse ou trabalhasse.
O pai achava que mulher devia ficar em casa cuidando dos filhos,da casa e do marido. 
Ela não queria a  sua vida igual á da sua mãe.
Então sua mãe inventou que ela deveria estudar corte e costura.
Ela foi e estava gostando quando sua mãe perguntou ao seu namorado se ele tinha ficado chateado dela colocar sua filha na aula de corte e costura.
Ele respondeu que não, que ele até agradecia pois assim ela poderia trabalhar em casa para ajudá-lo nas despesas.
A aula acabou e o namoro também.Image result for imagem de costureira

O Teste - Maria Lúcia Inocêncio Camargo.







Tinha dezessete anos e cursava o colegial.Ela tinha  aulas de rudimentos de psicologia e a professora ofereceu aos alunos a oportunidade de participar de uma sessão para descobrir qual a carreira que deveriam seguir e se dar bem.
Todos os alunos receberam o resultado do teste e poderiam seguir uma carreira.
Uma das alunas porem poderia se dar bem em várias profissões.
Ela ficou estasiada.Que maravilha!Poderia ser o que quisesse .
Ao final da aula a professora a chamou e disse que o normal era o teste dar apenas uma direção e que ela deveria prestar atenção nesse fato para não se perder e não conseguir escolher o que seguir.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Reminiscências...Maria Lúcia Inocêncio Camargo

Reminiscências

Hoje acordei com saudades de não sei o quê
Uma dor muito forte no meu ser
Saudades de você?
Nem sei a qual você me refiro.
Será de meu primeiro amor?
Talvez seja.
Porém, qual é o primeiro?
Aquele que ficou na memória?
Aquele que me beijou primeiro?
Aquele que me abraçou com carinho?
Aquele que me deflorou e se espantou?
Não sei!

domingo, 28 de maio de 2017

Lindaura,a filha da terra.- Barão da Mata

LINDAURA, A FILHA DA TERRA
Lindaura era filha da terrra,
Ou mais, era bicho da terra,
Era coisa da terra, assim como arara,
Assim como as lendas, assim como as onças,
Assim como as antas, jacus, gaviões.
Lindaura, mulher de família,
Colhia castanhas, mãos dadas co'a mata,
Criava seus filhos, amava o marido,
Amava esta vida, na paz mais completa.
Lindaura, porém, jamais esperara,
Que um monte de bestas, com foices e serras,
Com armas em punho e seus olhos de monstro,
Fizesse da mata um paiol de madeira.
Matassem as onças, jacus, gaviões,
Matassem seu homem, roubassem-lhe a terra,
A paz, a alegria, projetos e sonhos.
Lindaura, sem terra e sustento,
Desceu lá do norte, fincou pé no Rio,
Depois das agruras e mil provações
Vividas em tantas cidades distintas,
Depois de ser tudo o que nunca pensara:
Meretriz e mendiga, faxineira também.
Lindaura, hoje em dia, tão longe da terra,
Do lixo das ruas que ganha seu pão.
Tem dores no corpo, saudades doídas,
Dois filhos no crime, um morto de dengue.
Menor de cinquenta, parece tão velha,
Desejos, se tem, são todos de morte,
Se tem esperança, é o rumo do tempo,
Que um dia a irá suprimir deste mundo.

sábado, 25 de março de 2017

NOITE SÚBITA


Era a tarde bonita e colorida,
E vertia alegria pelas ruas,
E era toda enfeitada de esperança.
Eu andava, assim tão leve qual planasse,
Derramava meu deleite em cada esquina,
Com minha’alma extasiada pela vida.
Por que foi que então Sônia Cristina,
Sua fala altiva, dura e fria
Fez que a noite chegasse de repente
E se enchesse de trevas , labirintos,
E eu voltasse, assim pesado como o mundo,
Gotejando minha dor pelas sarjetas,
Coração tão saturado da existência?

Só tu -Fernando Pessoa

Só Tu - Fernando Pessoa

De todas as que me beijaram,
De todas as que me abraçaram,
já não me lembro, nem sei...
Foram tantas as que me amaram,
Foram tantas as que eu amei.
Mas tu, que rude contraste,
Tu que jamais me abraçaste,
Tu que jamais me beijaste,
Só tu nesta alma ficaste,
De todas as que eu amei...

quarta-feira, 22 de março de 2017

A mulher e a patroa - Martha Medeiros

A mulher e a patroa

Há homens que têm patroa. Ela sempre está em casa quando ele chega do trabalho. O jantar é rapidamente servido à mesa. Ela recebe um apertão na bochecha. A patroa pode ser jovem e bonita, mas tem uma atitude subserviente, o que lhe confere um certo ar robusto, como se fosse uma senhora de muitos anos atrás. 

Há homens que têm mulher. Uma mulher que está em casa na hora que pode, às vezes chega antes dele, às vezes depois. Sua casa não é sua jaula nem seu fogão é industrial. A mulher beija seu marido na boca quando o encontra no fim do dia e recebe dele o melhor dos abraços. A mulher pode ser robusta e até meio feia, mas sua independência lhe confere um ar de garota, regente de si mesma. 

Há homens que têm patroa, e mesmo que ela tenha tido apenas um filho, ou um casal, parece que gerou uma ninhada, tanto as crianças a solicitam e ela lhes é devota. A patroa é uma santa, muito boa esposa e muito boa mãe, tão boa que é assim que o marido a chama quando não a chama de patroa: mãezinha. 

Há homens que têm mulher. Minha mulher, Suzana. Minha mulher, Cristina. Minha mulher, Tereza. Mulheres que têm nome, que só são chamadas de mãe pelos filhos, que não arrastam os pés pela casa nem confiscam o salário do marido, porque elas têm o dela. Não mandam nos caras, não obedecem os caras: convivem com eles. 

Há homens que têm patroa. Vou ligar pra patroa. Vou perguntar pra patroa. Vou buscar a patroa. É carinho, dizem. Às vezes, é deboche. Quase sempre é muito cafona.

Há homens que têm mulher. Vou ligar para minha mulher. Vou perguntar para minha mulher. Vou buscar minha mulher. Não há subordinação consentida ou disfarçada. Não há patrões nem empregados. Há algo sexy no ar. 

Há homens que têm patroa. 
Há homens que têm mulher. 
E há mulheres que escolhem o que querem ser.
Martha Medeiros

A PUTA- Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andradeé


A puta
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
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Uma mulher apaixonada pela vida!

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