domingo, 14 de setembro de 2008

Duas Almas


DUAS ALMAS


Ó tu que vens de longe,

ó tu que vens cansada,entra,

e sob este teto encontrarás carinho:

Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.

Vives sozinha sempre e nunca foste amada...

A neve anda a branquear lividamente a estrada,

e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.

Entra, ao menos até que as curvas do caminho

se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa

essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,

podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:

Há de ficar comigo uma saudade tua...

Hás de levar contigo uma saudade minha...


[Alceu Wamosy 14/02/1895 a 13/09/1923]

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