
Maria Lúcia Inocêncio Camargo
Minha segunda paixão eu cursava a oitava série do ginásio na
Escola Estadual Professora Emília de Paiva Meira em Itaquera.
Descobri que ele era descendente de ucranianos de Kiev e
estava mais adiantado do que eu, pois era mais velho.
Era um menino lindo. Moreno, olhos verdes, cabelos negros
como as asas da graúna. Minha paixão foi tão intensa que eu estudei todos os
mapas-múndi que encontrei e ficava horas e horas fitando o nome KIEV.
E pensava: “como uma cidade que é tão minúscula no mapa pode
ter uma pessoa tão linda e tão importante para mim?”.
Com esse eu não tinha chances mesmo, pois todas as meninas
eram apaixonadas por ele.
E o danadinho era bom em tudo:- esportes, literatura,
matemática... E sabia que era lindo, pois ficava se exibindo todo ou ao menos
eu pensava assim.
Nesse ano fui a melhor aluna em Geografia e até pedi ao meu
pai alguns livros que falassem sobre a Rússia, pois assim eu me sentia mais
perto dele. O final do ano chegou e ele foi embora para cursar faculdade em
outra escola.
A minha terceira paixão veio na mesma escola quando eu
cursava o primeiro científico.
Tanto minha segunda paixão quanto minha terceira não tem
nome. Eu nunca soube. Era muito tímida para sequer perguntar.
Nós pegávamos o mesmo trem de Itaquera. Eu pegava na
Patriarca e ele já estava lá.
Naquela época os meninos usavam um topete como o Elvis
Presley e ele tinha um pente branco que tirava toda hora do bolso para ajeitar
o topete. Eu e minhas amigas o apelidamos de Pentinho Branco.
E nas quermesses era um tal de oferecer musica para o
Pentinho Branco e ele nem sabia que era dele que estávamos falando.
Foram dois anos de paixão intensa até que eu mudei para
Santos, pois meu pai era da Força Pública e foi transferido para lá.
Foram meses de suspiros profundos, lágrimas no travesseiro,
noites de insônia.
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