
O RECOMEÇO
É difícil recomeçar.
Quantas vezes projetamos um esboço
e o esquecemos no subterrâneo da alma
feito um estilhaço sem horizonte.
Por vezes deixamos a estrada de chão firme
e nos aventuramos em meandros, atalhos,
na pressa do clímax e da hora.
Mas nem sempre se ouve o badalar de sinos...
O futuro é uma escuridão
e o passado um pântano
pra onde não se quer voltar.
Há palavras que não irradiam certeza
e a luz vai além da visão.
Não quero me esquivar do hoje
porque sei que o instante é o ápice:
é a síntese de uma densidade amorfa,
fluida em sua sofreguidão de incógnita,
mas absoluto como uma onda,
exemplo máximo do recomeço.
Basilina Pereira
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