terça-feira, 12 de maio de 2009

ESSA SOLIDÃO SE FAZ DEMÔNIO.


BOTECO ESCOLA BY JARBAS

ESSA SOLIDÃO SE FAZ DEMÔNIO
(Flávio Leite)
.
Procuro encontrar alívio no frescor da noite, mas somente encontro estrelas negras. Pelo chão da casa flores murchas e palavras mortas. Minha índole, em baixa-estima, se reduz a pressupostos que não compreendo. Preciso de alegria para compor a próxima canção, mas nada sinto além de versos e rimas pobres pulsando dentro de mim.
A dor é constante e afiada como uma navalha fria na carne. Chega a cortar a alma profundamente de maneira que o sangue impuro, repleto de lágrimas e de desilusões escorra pelo corpo e se esvaia pelo solo poético, mas já sem vida. Essa solidão se faz demônio quando invade meu quarto e se deita comigo. Nessas horas me sinto perdido, em um inferno, sem direito a prece ou a qualquer tipo de salvação.
Preciso de um amor sem mendicância, sem tantas perguntas de poucas respostas, sem tantos sonhos impossíveis e com o mínimo possível de implicância. Ando em idade de pouca paciência, na idade de uma loucura interna que faz dos poetas pequenos gênios. Ou seriam pequenos tolos? Isso tanto importa já que o sofrimento residente em minha existência passou a ser insuportável.
Tenho me sentido como um artista de fim de feira, como um cantor de boteco copo-sujo, como um corvo à espera de meus restos mortais. Preciso de um milagre providencial, de emergência, urgente. De um milagre que transforme os meus pássaros em anjos, minhas palavras em poesias, meus desejos em beijos e abraços, em gemidos e sussurros... De um milagre que transforme meus breves instantes de sorriso em eternidade.
. FLÁVIO LEITE POETA.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger

Uma mulher apaixonada pela vida!

Minha lista de blogs

Arquivo do blog