terça-feira, 7 de outubro de 2008

Naufrágio do Ser


NAUFRÁGIO DO SER

Sueli Amália Poetisa das Marés.



Me deitei na areia branca e quente da praia,

estirada sobre a esteira inseparável,

minha velha parceira,

da qual me sinto tão apegada!

Me desliguei do mundo

pra me desligar de ti

do teu desvario,

das tuas náuseas,

das tuas ambivalências...

A maré foi subindo,

subindo

chegando perto de mim me roçando

, me tocando,

quase me cobrindo...

Eu me abandonei,

naufraguei meu corpo fraco e cansado,

meus pensamentos de lembranças pesadas e doloridas,

meu coração pisado pela indiferença,

rodando num redemoinho de incertezas inúteis,

de minhas lógicas imbecilizantes.

Queria, com toda esta bagagem deplorável, submergir...

No meio do turbilhão de águas que espumam na dura rocha

Eu me debati, mais dura que a pedra.

Sou feita de aço pra ganhar da vida todas as guerras.

Não me dou por vencida!

Sou combativa, mesmo desvalida.

É que tenho, dentro de mim,

no meu coração,

incansável guerreiro,

uma área de terra sem dono...

Mas de tão boa a terra

que bastou uma única semente

jogada lá, sem preconceito,

pra nascer um jardim floridode hortências violetas e azuis,

onde o néctar escorre, de tão farto,

e borboletas e pássaros dançam, encantados.

Num lugar assim, no meu tempo, não vou mais lutar:

Quero depositar aí meu corpo inerte,

deixar minha alma voar, livre, rumo à morada celeste

e, docemente, em meio as hortências, repousar.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger

Uma mulher apaixonada pela vida!

Minha lista de blogs

Arquivo do blog