quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Seus Olhos - Almeida Garret

Seus Olhos

Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou
–Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.


Almeida Garrett

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