quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Se eu de ti me esquecer - Bernardo Guimarães



Se eu de ti me esquecer
Se eu de ti me esquecer, nem mais um riso
Possam meus tristes lábios desprender;
Para sempre abandone-me a esperança,
Se eu de ti me esquecer.
Neguem-me auras o ar, neguem-me os bosques
Sombra amiga, em que possa adormecer,
Não tenham para mim murmúrio as águas,
Se eu de ti me esquecer.
Em minhas mãos em áspide se mude
No mesmo instante a flor, que eu for colher;
Em fel a fonte, a que chegar meus lábios,
Se eu de ti me esquecer.
Em meu peregrinar jamais encontre
Pobre albergue, onde possa me acolher;
De plaga em plaga, foragido vague,
Se eu de ti me esquecer.
Qual sombra de precito entre os viventes
Passe os míseros dias a gemer,
E em meus martírios me escarneça o mundo,
Se eu de ti me esquecer.
Se eu de ti me esquecer, nem uma lágrima
Caia sobre o sepulcro, em que eu jazer;
Por todos esquecido viva e morra,
Se eu de ti me esquecer.
Bernardo Guimarães
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em 15 de agosto 1825, em Ouro Preto, Minas Gerais, morreu em 10 de março 1884, em Ouro Preto.
====================================================================
E se tu me esqueceres, possa este verso ser verdade.

Nenhum comentário:

Powered By Blogger

Uma mulher apaixonada pela vida!

Minha lista de blogs

Arquivo do blog